terça-feira, 29 de setembro de 2015

Cerca de 75 milhões de pessoas podem ter problemas de saúde por causa dos lixões, diz estudo

Levantamento inédito aponta também os prejuízos ambientais causados pelos lixões no País

Cerca de 75 milhões de pessoas moram em lugares onde o lixo produzido é enviado para locais impróprios, como os lixões. O resultado é o custo de R$ 1,4 bilhão por ano aos cofres públicos para tratamento de saúde da população afetada de forma direta e indireta. Nos próximos cinco anos, esse número pode subir para R$ 13 bilhões, caso não comece imediatamente o processo de fechamento dessas unidades.

Essa é a constatação de um estudo inédito realizado pela Associação Internacional de Resíduos (AISW - International Solid Weste Association), em parceira com a  Abrepel (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza) e o Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana), que analisou a produção de resíduos sólidos no Brasil, entre os anos de 2010 e 2014.

Estima-se que há mais de 3 mil lixões em funcionamento no País, que afetam a vida de mais de 75 milhões de pessoas, de forma indireta ou direta, como é o caso de catadores de material recicláveis, que tiram o sustento desses locais. São 1.559 cidades com lixões. A região Nordeste pode ser a mais afetada, com mais de 800 lixões. Há outras regiões que possuem locais de descarte irregular que não entram nessa conta.

O estudo vem para rebater o adiamento do fechamento dos lixões aceito pelo Senado, após uma reivindicação da Confederação Nacional de Municípios, que pede a ampliação da data de encerramento das atividades, por motivos financeiros e estruturais, indo de encontro às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que pede o fechamento desses locais. A previsão é que esse escalonamento vá até 2021. Entretanto, enquanto os lixões permanecem abertos, os problemas ambientais e de saúde da população continuam gerando gastos excessivos que, de acordo Carlos Silva Filho, presidente da Abrelpe, são menores do que os custos de fechamento. "Os municípios falam que custa caro fechar um lixão, mas esses espaços abertos geram muito mais gastos ao poder público. O valor que poderia ser investido no fechamento, na verdade, está indo para a manutenção. O fechamento trará recursos, e não ao contrário."

Só na questão ambiental, caso os lixões sigam até 2021, o estudo aponta um gasto de R$ 8,4 bilhões decorrentes de danos à natureza, que vai da poluição do ar até a contaminação de lençóis freáticos e da água dos oceanos (lugar onde vários lixões ficam próximos). Em questão a tratamento de saúde, o SUS (Sistema Único de Saúde) vai desembolsar R$ 7,4 bilhões.

Para Antonis Mavropoulos, presidente do comitê técnico e científico da ISWA e coordenador do estudo, os lixões são um "desastre" e o fim desses lugares deve virar um debate político para, enfim, ser visto como prioridade. "Não há lixões sem poluentes graves. O custo global deles é de R$ 400 milhões por ano. Lixão é sinônimo de desigualdade e eles estão justamente nos locais mais pobres, onde as pessoas não têm condições de dizer não." 

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