terça-feira, 29 de setembro de 2015

Raio X da produção de resíduos sólidos no Brasil

Brasil sofre com destinação inadequada de resíduos e gasta pelo menos US$ 370 milhões por ano para tratamento de saúde, segundo estudo da ISWA.
O levantamento identificou ainda, que nos próximos cinco anos os gastos com a manutenção dos lixões, tratamentos de saúde e meio ambiente podem alcançar o valor de US$ 3,25 bilhões.


O estudo realizado pela International Solid Waste Association (ISWA, em português Associação Internacional de Resíduos Sólidos), por meio de parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza (Abrelpe) e o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selur) analisou a produção de resíduos sólidos no Brasil, entre 2010 e 2014. A pesquisa identificou o volume de recursos que serão comprometidos no País para tratamento de saúde e degradação ambiental, caso os lixões e unidades inadequadas de destinação de resíduos permaneçam em funcionamento, como consta de alguns projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional.

O levantamento mostra que aproximadamente 75 milhões de brasileiros têm seus resíduos destinados a locais impróprios, com graves impactos ao meio ambiente (solo, ar e água) e à saúde da população. Moradores das localidades em que os lixões estão situados, catadores materiais recicláveis e trabalhadores de limpeza urbana são os principais grupos afetados por doenças decorrentes do não tratamento dos resíduos, que se propagam pela contaminação de água, solo, ar, fauna e flora.

Mundialmente, pelo menos 1% da população incluída nos grupos de risco desenvolve doenças causadas pelo descarte e destinação incorretos de resíduos. De acordo com o estudo, o custo do governo brasileiro através do SUS para tratamento de saúde das pessoas afetadas é de US$ 500 por pessoa, e alcançará um total de aproximadamente US$ 370 milhões em um ano, sendo que em cinco anos o valor será de US$ 1,85 bilhão. “No estudo preparado pela ISWA, foram contabilizados não só os custos para tratamento dos problemas de saúde das pessoas, causados principalmente pela existência e manutenção dos lixões, mas também foi considerado o impacto de perdas de dias de trabalho por afastamento médico, os custos psicossociais causados aos moradores das áreas próximas aos lixões e os danos ambientais causados por essas unidades irregulares”, comenta o diretor presidente da Abrelpe e vice-presidente da ISWA, Carlos Silva Filho.

Além dos gastos em saúde, a destinação inadequada de resíduos no Brasil gera, no período de cinco anos, custos médios US$ 2,1 bilhões decorrentes de danos ambientais.

Segundo o presidente do Selur, Ariovaldo Caodaglio, se a situação irregular da destinação de resíduos não for mudada, a tendência é que os custos aumentem para o governo e sociedade.“É inaceitável que o país comprometa um valor relevante por ano com a manutenção de lixões e com o tratamento de doenças causadas por eles. Em um período de cinco anos, que é o prazo aprovado pelo Senado para prorrogação da PNRS, o total gasto com saúde e meio ambiente pode alcançar os US$ 3,25 bilhões, caso os lixões permaneçam em funcionamento no país”, conclui.

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