sábado, 11 de abril de 2015

Cícero Filho, do "Ai que vida", lança novo filme em THE no mês de abril

Junte duas dúzias de adolescentes, um roteiro trash e uma câmera. O resultado é um média produzido na cidade de Poção de Pedras, interior do Maranhão. “O cão chupando manga” está a solta para atacar.
Francisquinha, a mascote do elenco (Fotos: Sequence Still)
À frente da produção está Cícero Filho (de “Flor de Abril” e “Ai que vida”), cineasta maranhense. O filme é resultado do projeto “Cinema na escola”, implantado na rede pública de ensino estadual pelo projeto Mais Cultura, do MinC. O projeto foi inscrito por Cícero e aprovado em 2013. Em julho do ano seguinte as aulas começaram.
Cícero encerrou o ano de 2014 fazendo o que mais gosta: falando de cinema para um grupo de jovens entre 15 e 18 anos. “O trabalho final do projeto era pra ser um curta de um minuto”, comenta o cineasta. “Acabou que nos envolvemos tanto, e o roteiro foi crescendo e o resultado foi um filme média de 40 minutos”.
"O cão chupando manga" será exibido em Teresina nos dias 9 e 10 de abril (Foto: Sequence Still)
Para que as ideias saíssem do papel, entretanto, o grupo foi atrás de patrocínios na iniciativa privada. “O fato do equipamento utilizado ser o meu já barateou, de certa forma”, observa Cícero. “Os atores também foram os próprios alunos, o que gerou aprendizado e diminuiu também os custos”.
“O cão chupando manga” é um terror trash com pitadas de humor – o gênero foi escolhido pelos próprios alunos. O nome faz referência a personagem principal, Mari Leila, uma adolescente que de menina desprezada e solitária passa a assassina fria e calculista. “Ela faz suas vítimas atirando manga na boca das pessoas até sufocá-las”, explica Cícero. Daí o título da produção, que tem direção de Lailson Vieira da Silva. O elenco é composto por Beatriz Costa, Danilo Alves, Larissa Vieira da Silva e Alison Ribeiro Gonçalves Júnior. Cícero participa como produtor executivo.
O salão "Bibas Cool" (Foto: Sequence Still)
A história lembra os roteiros de “Carrie – A estranha” (filme de 1976) e também “Tamara”, de 2005. “Mari Leila tem uma paixão não correspondida por Jadson, e aflora um sentimento de frustração e rancor”, diz a sinopse do filme. “Além de sofrer bullying na escola onde estuda, vive em uma família inteiramente desestruturada. Após grandes humilhações, ela decide se vingar de todos aqueles que a menosprezaram. Sentimentos devastadores a motiva a cometer uma série de crimes bárbaros”. Mari Leila contará com a ajuda do palhaço macabro para suas vítimas em clima de mistério e pânico na cidade.
Terror e suarrealismo no média "O cão chupando manga" (Foto: Sequence Still)
Exibido pela primeira vez no Festival Sétimo Maranhão na Tela, no mês de janeiro, em São Luís, o filme foi aplaudido pelo público. Tanto que recebeu dois convites para exibição em Teresina. A primeira será na Faculdade Santo Agostinho, no dia 9 de abril, às 19h. No dia 10, o média estará na tela da Parada de Cinema, no Teatro do Boi – as duas apresentações têm entrada franca.
CINEMA NA ESCOLA
Além do cinema, Cícero Filho encontrou outra paixão: a sala de aula. O filme “O cão chupando manga” é resultado de um projeto criado pelo cineasta e aprovado pelo Ministério da Cultura (MinC), que promove cursos de formação em áreas como direção de cinema, fotografia, dramaturgia e roteiro. 25 alunos da rede pública estadual de Poção de Pedra tinham aula de cinema duas vezes na semana – e não só na escola. No último mês, os alunos transformaram a praça da cidade em teatro, onde apresentaram as peças “A Moreninha”, “O Cortiço” e “O Crime do Padre Amaro” ao ar livre.
AI QUE VIDA
“Ai que vida” é certamente o filme mais conhecido de Cícero Filho. Lançado em 2008 no cinema do shopping Riverside em Teresina, chegou a ter mais de mil pessoas na semana de estreia. No Maranhão, ganhou sessão extra no Cine Praia Grande. Foi exibido em festivais da Paraíba e Brasília.
A sátira política e regional apresentou o novo cineasta a todo o Brasil – foi copiado, gravado, pirateado e até hoje é um dos poucos títulos regionais que se encontra em qualquer camelô. “Isso me projetou e apresentou uma identidade visual do nordeste que achei interessante”, afirma Cícero Filho. “Mas só gerou notoriedade, não rentabilidade”.
Ele evita comparações de sua célebre produção e o novo “O cão chupando manga”. “São propostas bem diferentes. ‘Ai que vida’ é mais abrangente. ‘O cão’, apesar de trazer de novo o regionalismo e a linguagem popular, tem a veia do terror que muita gente não curte”.
“O cão chupando manga” não terá, a princípio, cópias em DVD – mas será, em breve, disponibilizado na internet para assistir online.  

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