sexta-feira, 19 de junho de 2015

Vereadores repudiam ideologia de gênero Bancada evangélica promete vetar a inserção da ideologia do gênero.

A chegada do Projeto de Educação à Câmara de Vereadores de Teresina, que deve ser discutido para alinhar-se ao Plano Nacional de Educação (PNE) provocou polêmicas quanto ao tópico que trata da ideologia de gênero no projeto. A bancada evangélica se manifestou e promete vetar a inserção do ponto no PNE. 
Segundo o documento, as crianças deverão aprender que não são meninos ou meninas e receberão materiais didáticos que ensinarão a formarem sua verdadeira identidade. A vereadora Cida Santiago (PHS) se manifestou na tribuna na sessão desta terça-feira. Os vereadores Celene Fernandes (SDD), Teresinha Medeiros (PPS), Dudu (PT), Levino de Jesus (PRB), Ricardo Bandeira (PSDC), Tiago Vasconcelos (PSB), Teresa Brito (PV), Paulo Roberto da Iluminação (PTB), Antônio Aguiar (PROS) e Luiz Lobão (PMDB) também se manifestaram contra. 
Em 2014, o Congresso Nacional havia retirado do Plano Nacional de Educação todas as menções à “ideologia de gênero”, mas o atual Governo voltou a discutir o tema. “Agora o tema é fraudulentamente reapresentado como se tivesse sido aprovada pela PNE como meta obrigatória para todos os municípios do Brasil. Vamos mobilizar todos os nossos vereadores para que nenhum artigo referente a este assunto seja inserido no Plano de Educação Municipal”, argumentou a vereadora Cida Santiago. 
Para os movimentos sociais, esta manifestação demonstra pouca disposição para debater uma educação para igualdade de gênero, o que é motivado por questões de ódio ao público LGBT. Para a militante da GPTRANS (Grupo Piauiense de Travestis e Transexuais), Laura Reis, esta é mais uma forma de reprimir o movimento LGBTT, pois seria um momento para quebrar os paradigmas que tem anulado a participação do setor em sociedade, nos espaços públicos. 
“A gente visualiza que nossas lutas estão sendo desmerecidas, alegando que uma travesti ou trans pode vir a macular a imagem da família. Parece que nós não somos cidadãs. Esse posicionamento não garante que se pense a diversidade e a participação das travestis e transexuais nas escolas”, argumenta Laura. 
Cida Santiago defendeu na tribuna que a “ideologia de gênero” é contrária ao plano de Deus e fere gravemente a identidade da família. “Defendemos a vida e a família e vamos ser incansáveis para retirar esta ideologia do PNE. Estão tentando mostrar a família como uma instituição falida e coibir a responsabilidade dos pais na educação dos seus filhos. Seremos incansáveis para que isto não seja aprovado”, afirmou Cida Santiago. 
Para o advogado do Centro de Direitos Humanos Dom Helder Câmara, Lourival Carvalho, o fundamentalismo pode impedir que seja feita uma discussão estrutural sobre a condição de submissão das mulheres na sociedade. “A escola é um espaço onde se reproduz o machismo estrutural na sociedade. Fazer o debate curricular é central para que os estudantes possam formar uma cultura diferente para que as mulheres tenham seu espaço”, diz. 
A questão se agrava, segundo o advogado, para o setor LGBTT, que sofrem heteroterrorismo, o que faz com que essas pessoas desistam da escola e contraiam inclusive doenças físicas. “Há casos de pessoas que chegam a ter problemas urinários porque não se sentem a vontade para ir ao banheiro. Tudo se agrava porque os professores também são responsáveis pela reprodução deste machismo”, diz Lourival.
Por: Sarah Fontenele- Jornal O Dia

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