sexta-feira, 2 de maio de 2014

TERESINA PODERÁ PARAR EM MAIO

Sem negociação, trabalhadores de ônibus cogitam nova greve.

Setut só aceita negociar após licitação das linhas de ônibus. Sintetro teme que discussão fique para depois da Copa.

O impasse anual entre empresários e trabalhadores do transporte coletivo em Teresina (PI) já começou. O Sindicato dos Trabalhadores de Empresas de Transportes Rodoviários (Sintetro) reclama que os patrões não querem negociar o aumento salarial. Já o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (Setut) alega que não há como discutir reajuste antes da conclusão da licitação das linhas de ônibus da capital. 

Foto: Setut

O Sintetro já se mobiliza. A entidade acionou o Ministério Público do Trabalho para que convoque uma nova audiência entre as duas partes. Na primeira, dia 14 de abril, o Setut não teria comparecido. Na segunda, dia 29, a entidade patronal afirmou que não há como negociar antes do fim da licitação, já que as empresas atuais não sabem se vão continuar a operar no sistema da capital. 

Ao Cidadeverde.com, o Setut frisa que não se recusa a negociar reajuste com a categoria, mas tomou posicionamento baseado na necessidade de se concluir a licitação.

Fotos: Yala Sena/Cidadeverde.com
Francisco das Chagas Oliveira quer negociação antes da licitação

Motoristas e cobradores de ônibus não entendem assim. Em assembleia no dia 30, a categoria decidiu convocar nova mesa de negociação. "A nossa data-base é 1º de maio independente de quem opera o sistema. Quem está operando o sistema hoje é o Setut. Após o fim do edital, as empresas que ganharem terão que cumprir o que for negociado", defende o presidente do Sintetro, Francisco das Chagas Oliveira. 

A situação faz a categoria cogitar cruzar os braços. "A possibilidade hoje está mais clara do que nos outros anos", avalia o diretor do Sintetro Fernando Soares Santos. "A gente não descarta a possibilidade de greve", confirma Oliveira. 


A preocupação dos trabalhadores tem outro nome: Copa do Mundo. A abertura dos envelopes da licitação das linhas de ônibus foi adiada para 11 de junho. No dia seguinte, a seleção brasileira estreia no torneio. A negociação poderia ficar somente para agosto, após a competição. 

O Sintetro quer reajuste de 13%, redução da jornada de trabalho de 7 horas e 20 minutos para 6 horas diárias, unificação do tíquete alimentação, aumento da frota de ônibus, café da manhã para os trabalhadores e zerar participação do plano de saúde - hoje os trabalhadores pagam R$ 34, 40% do valor total.  

No ano passado, a solução do impasse veio somente com dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho. O Sintetro queria 15% de aumento. Conseguiu 9,05%, acima da inflação. O motorista passou a ganhar R$ 1.325, enquanto o cobrador teve vencimento alterado para R$ 811. 

Fábio Lima
fabiolima@cidadeverde.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário