segunda-feira, 23 de junho de 2014

CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS CONTINUAM ESQUECIDOS PELO PODER PÚBLICO



São mais de 200 catadores que retiram do aterro sanitário de Teresina o seu sustento e garantem não receber nenhum tipo de assistência.


Mais de 200 catadores continuam trabalhando no aterro sanitário localizado no bairro Santo Antônio, na zona Sul de Teresina. Sem qualquer ajuda por parte do poder público, os homens retiram do próprio lixo as vestimentas e material de trabalho.
Os catadores afirmam que estão sendo orientados a assinar uma lista, que comprovem a visita regular ao local. Esse controle seria um cadastro feito pela Prefeitura de Teresina para que, quando o lixão for extinto, eles receberem uma indenização. Entretanto, eles alegam que nem todos os trabalhadores foram cadastrados.
Segundo Emanoel Pereira dos Santos, desde 2010 foram construídos galpões de reciclagem e separação dos materiais, que seriam usados pelos catadores do lixão, mas até hoje o local nunca funcionou e está abandonado.[
Fotos: Assis Fernandes/O Dia

A maioria dos catadores afirma que é possível retirar do sustento do material retirado no lixão
Ele explica que o sustento dos catadores é retirado do lixão e tudo que eles coletam é repassado para a cooperativa. “A gente traz e vende na cooperativa, e o que a gente ganha é só do que a gente cata. Daqui a gente tira até um salário mínimo. Deus me livre sair daqui. Porque aqui são meus braços e minhas pernas”, disse Emanoel Pereira.
Alexandre de Albuquerque também trabalha no lixão coletando material reciclável e afirma que é possível viver apenas com o que é encontrado no aterro. “Tudo que nós precisamos tiramos daqui, como o fardamento, botas e luvas. Trabalhando todo dia dá para tirar até dois salários mínimos”, pontuo o catador.
Trabalhando dia e noite, os catadores disseram que em 2010 fizeram um curso de capacitação em reciclagem e coleta seletiva, e que iriam trabalhar na cooperativa, operando as máquinas, mas desde o término das aulas não foram chamados para exercer as funções.
“Nós já fizemos esse curso umas dez vezes, o mesmo curso, mas não resolveu nada. As máquinas estão todas enferrujando e ninguém coloca a gente para trabalhar. Eles dizem que não podem colocar a gente nas máquinas porque não sabemos mexer, mas todo mundo aqui sabe mexer”, contou Alexandre de Albuquerque.
Ivan Pereira disse que a única coisa que eles querem é uma oportunidade de emprego para tirarem seu sustento. “O que a gente queria mesmo era só um emprego e pronto. Eles querem é colocar alguém que tem qualificação para ganhar dinheiro, em vez de colocar a gente. O que eles fazem é só promessa, então a gente fica aqui, só esperando o dia. Essa cooperativa está parada há cinco anos, com as máquinas enferrujadas”, afirmou Ivan Pereira.
Os catadores informaram ainda que no final do ano passado cada trabalhador recebeu uma cesta básica doada pela diocese. “A cesta básica que recebemos foi de uma vaquinha que o pessoal fez. A prefeitura mesmo nunca deu nada para a gente”, relatou Ivan Pereira.

Veja mais detalhes na edição desta segunda-feira (23) do Jornal O Dia
Repórter: Beto Marques e Isabela Lopes - Jornal O Dia

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