quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

REMETENTE O POVO DO PIAUÍ

CARTA ABERTA À PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF
Senhora presidente,
O estado do Piauí possui aproximadamente 3,2 milhões de habitantes. Deste total, cerca de 60% são assistidos atualmente pelos programas sociais do governo federal. Isso quer dizer que aproximadamente 1,92 milhão de pessoas têm uma dependência direta em relação ao governo. Talvez isso, e apenas isso, explique a grande popularidade que vossa excelência possui junto a nossa população.
É, verdadeiramente, uma “febre”. Basta dizer que a senhora venceu a eleição de 2010 nos dois turnos no Piauí. Se dependesse do nosso estado, a fatura teria sido liquidada logo a 3 de outubro daquele ano, porque sua votação chegou a quase 70% do eleitorado. Nada disso se justifica diante dos parcos investimentos que têm sido feitos pela sua administração em nosso estado.
Fala-se, por exemplo, em mudança de vida por conta do programa “Luz para todos”, mas até este programa, que atende aos que não tinham energia em casa, representa um disparate se observamos que não houve nenhum investimento na distribuição Incentivou-se apenas o consumo desenfreado e isso tem gerado uma piora no quadro.
Também não se investiu no aproveitamento de outras matrizes energéticas, como exemplo, os ventos, que existem por aqui em abundância. A energia eólica é, pois, uma realidade muito distante. Como também se distancia cada vez mais a exploração do gás e até mesmo das termoelétricas, vez que nossos rios estão morrendo diante da falta de cuidado das autoridades públicas, sobremaneira de vossa excelência, que tem prometido muito e feito pouco. Podemos citar o caso de sua última visita ao nosso estado, em 18 de janeiro do ano passado. Na oportunidade, a senhora foi presenteada com um gibão de couro pelo governador, o Sr. Wilson Martins, e garantiu a ele fazer cinco investimentos de grande monta.
Seriam a duplicação das rodovias federais de acesso a Teresina (rodovias BR 343 e BR 316), a construção da barragem de Castelo (situada no município de Juazeiro), o asfaltamento da BR 222 (cujo único trecho sem asfalto está no território piauiense), os viadutos da avenida Nossa Senhora de Fátima (no cruzamento com as avenidas Kennedy e Nossa Senhora de Fátima) e outro, ainda, no cruzamento das avenidas Miguel Rosa e Getúlio Vargas.
Tais investimentos dariam um grande impulso ao nosso processo de desenvolvimento e romperia um ciclo histórico de negligência do poder central para com o nosso povo cordato, ordeiro e trabalhador. Tão cordato que mesmo diante de tanta omissão se mantém fiel, aplaudindo de pé a cada nova incursão de vossa excelência pela mídia. Sim, porque é somente pela mídia que se tem notícia da senhora. Tão ordeiro que mesmo diante da ausência de investimentos em segurança ainda consegue ser aquele que possui os menores índices de violência e criminalidade de toda a nação. E tão trabalhador que consegue sobreviver à mercê de um esforço solitário fruto desta perpetuada ausência de recursos que garantam uma melhoria da nossa infraestrutura.
A industrialização seria uma grande alternativa. Mas, como se pode industrializar um estado que possui as rodovias federais em pior estado do país, segundo pesquisa recente da Confederação Nacional do Transporte? Pessimismo?! Absolutamente. Não somos pessimistas. Mas um pouco de realismo não deveria chocar a ninguém, muito menos a chefe da nação, deveria, isso sim, despertá-la para a necessidade de uma atenção maior a um estado que almeja ser grande, mas que, sabidamente, não conseguirá sozinho.
Está provado, senhora presidente, que somente os programas sociais do seu governo e do seu partido não são suficientes, aliás, se diferenciando pouco daquilo que já era feito em outros tempos e garantindo uma dependência considerada high tech. É a institucionalização do clientelismo, infelizmente. Como pode se desenvolver um estado que não conta com energia em quantidade suficiente para atender nem mesmo a demanda residencial?!
Senhora presidente, ficamos muito chocados, há duas semanas, ao tomarmos conhecimento de que o governo de vossa excelência destinou 690 milhões de dólares a construção do porto de Mariel,em Cuba. Primeiro, porque no Piauí estamos precisando de bem menos para efetivar a conclusão do nosso porto, na cidade de Luis Correia. Segundo porque Cuba é um terreno minado por uma ditadura sanguinária (desde 1959 o atual esquema está no poder e nesse meio tempo todos os adversários do regime foram perseguidos e mortos, tanto que a diáspora cubana é, atualmente, uma das maiores do mundo; e olhe que estamos falando de uma pequena ilha perdida em meio ao mar do Caribe).
Certo que existem outras prioridades, mas seriam tantas que numa única administração não daria para resolver. Mas precisa pelo menos dar o pontapé inicial. E seu partido está no governo há mais de 10 anos e até hoje este pontapé nunca foi dado. Seus partidários são muito queridos pela grande maioria dos piauienses. Mas, na verdade, não existe correspondência. É um caso de sentimento platônico. Tanto que assistimos eufóricos a cada vinda da senhora, mesmo sendo raro isso acontecer, sem que nada se concretize, a não distribuição de máquinas para prefeituras municipais que procuram, de certo modo, ocultar a quase que absoluta ausência de repasses voluntários em escala considerável. Tudo que se faz tem motivação eleitoral, é por causa do processo político que se avizinha. Temos correspondido, mas não somos atendidos. Esperamos que um dia mude-se esta realidade. Já não entendemos mais até quando teremos que esperar.
Atenciosamente,
Povo piauiense.

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