quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Opinião: Governador ‘biônico’, é demais!

Por Miguel Dias Pinheiro*

No Piauí, nossos políticos pregam ao eleitor fatos inusitados. Nos últimos dias, como forma de preparativos para a renúncia do governador Wilson Martins, a reforma administrativa em curso passa a impressão (falsa, claro) que o pré-candidato Marcelo Castro já comprou o terno de posse, que o mandato de senador para Wilson Martins já foi adquirido ali na próxima esquina. 

Em 2014, a “arrumação” de um futuro governo a começar em 5 de abril próximo faz lembrar a época em que surgiram os políticos biônicos no Brasil. Como se sabe, o termo "biônico" derivou do Pacote de Abril de 1977, que alterou as regras para o pleito de 1978. Nele, cada estado escolheria um nome pela via indireta na renovação de dois terços das cadeiras mediante votação de um colégio eleitoral, o que deu à ARENA 21 das 22 cadeiras em jogo impedindo a repetição da rotunda vitória do MDB em 1974.

No governo Wilson Martins, para viabilizar o “Pacote de 2014” no Piauí, aclamaram o vice-governador Zé Filho como uma espécie de “governador biônico” a assumir no dia 5 de abril próximo, um “preposto” que vai manter toda a “moçada” em comum acordo com as “sedições políticas”, possuindo autonomia reduzida no governo vindouro, que será dele próprio. Apenas com a missão de eleger o candidato apresentado por Wilson Martins: “Você vai assumir, mas quem vai mandar somos nós”.

Respeitosamente, em que pese o epíteto de "governador biônico", nada contra as virtudes, os atos e ações do vice-governador do Piauí, mas que não deixa de ser humilhante um cidadão se submeter a tal desiderato, a obrigações “reles” da normalidade da vida. Mesmo que seja sob o ângulo político, que tudo pode acontecer, inclusive nada.

Para quem não sabe, a denominação “biônico” decorreu, na época, de uma série norte-americana de televisão, “O homem de Seis Milhões de Dólares”, que era retransmitida no Brasil pela Rede Bandeirantes de São Paulo, na qual o personagem principal tinha sua vida salva por agentes do governo dos EUA, através de implantes biônicos instalados em seu corpo. A metáfora era feita para indicar os parlamentares que não enfrentavam as campanhas eleitorais e eram protegidos pelo governo.

No momento, transparece para o público que deveremos ter no Piauí uma espécie de “eleição indireta”, onde assume um “governador biônico” para “guardar” vaga para um “praticamente” governador eleito, porque assim o “general” deseja, o comandante quer e almeja, com as benções de uma “arrumação” política que agride a decência em todas as vertentes imagináveis. Zé Filho, por exemplo, como elo principal desse “Pacote de 2014”, além de dever fidelidade a Wilson Martins, deverá honrar o compromisso hercúleo de eleger Marcelo Castro, em nome do Piauí, “custe o que custar”, porque pior do que isso que está ai ninguém pode mais duvidar.

*Miguel Dias Pinheiro é advogado

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