quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Valorização ao mestre

O ofício de professor é, indubitavelmente, um dos mais importantes da sociedade, na medida em que carrega a imensa responsabilidade de conduzir a formação básica, acadêmica e profissional de milhões de pessoas. Contudo, é de conhecimento geral que, no ensino público brasileiro, a valorização concedida a essa classe é desproporcional aos resultados que eles entregam ou poderiam entregar.
Levantamento divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ligada à ONU, corrobora a situação, ao mostrar que a remuneração média paga aos professores representa apenas 40% do que é recebido pelos docentes na média dos 34 países mais desenvolvidos. A comparação é realizada com base na remuneração inicial do trabalhador que leciona em turmas do ensino fundamental no exterior e o piso salarial dos professores no Brasil, estipulado em lei federal.
Os números expõem uma situação histórica de depreciação ao professor, contraditoriamente ao que ocorre na América do Norte, Europa e Ásia. Nações desenvolvidas possuem planos de carreira bem definidos para os profissionais, contemplando do início das atividades até a aposentadoria, o que proporciona segurança para o docente exercer o ofício. Além disso, há uma infraestrutura sólida nas escolas, suporte imprescindível para o bom trabalho de um professor, sobretudo em tempos de tecnologia avançada e novas formas de ensinar.
Nesse contexto, a educação pública brasileira está muito atrasada. À parte a questão salarial - que, apesar de ser a mais lembrada, se configura apenas como um problema dentro do conjunto significativamente maior - os mestres são submetidos a condições de trabalho precárias. Há escolas desprovidas de equipamentos básicos: cadeiras adequadas, pincéis e até mesmo segurança.
Assim, desenvolver as atividades cognitivas dos estudantes torna-se um desafio extremamente desgastante para todos os atores envolvidos. Experiências internacionais bem-sucedidas exploram o aprendizado do aluno ao máximo, indo além das disciplinas usuais, incentivando a inclusão artística, atividades esportivas e sociais e contribuindo para uma formação holística do estudante já nos primeiros anos de vida escolar.
Para chegar a esse nível educacional, o Brasil precisa de investimento sólido e incessante no ensino. Ainda assim, demorará anos para que a Nação colha os frutos esperados. Portanto, há necessidade cada vez maior de abraçar, definitivamente, a educação como transformadora social e impulsionadora do crescimento nacional. O poder público tem um discurso eloquente sobre a educação, mas a retórica não é convertida em ações concretas. A área apresentou melhora nos últimos anos, mas em ritmo lento demais, em especial no ensino fundamental. Gargalos típicos de países paupérrimos persistem, apesar do lema "Pátria Educadora" adotado pelo governo federal no início do ano e dos montantes significativos injetados, que representam 17% do total de gasto público, sinal claro de que falta eficiência na gestão e aplicação dos recursos.
Nesse roteiro de muitas promessas e déficit de ações, os professores seguem exercendo papel de protagonismo e, muitas vezes, heroísmo. Conseguem ser modelo de superação ao aumentar as chances de jovens de um futuro melhor. A jornada para um Brasil melhor e com mais oportunidades passa, inevitavelmente, pelo investimento na educação e pela valorização dos profissionais que a tornam possível.

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